Eu sou Arlequim.
Eu amo por sorrisos – e não precisa de muitos.
Aliás, de muitos já me bastam os corações de todas as minhas
Columbinas.
Faço questão de tê-los
por não possuir um próprio.
Cada Columbina com sua cor.
Descrevem-me como palhaço, bobo – o lado bom da palavra.
Se bem que às vezes ajo como tal.
É aí que está a graça:
eu posso ser o que eu quiser.
Sou pintado de capacidades -
vou do lorde inglês ao pobre lacaio.
O sapo que vira príncipe.
Carrego numa mão uma rosa e noutra uma faca.
Com a rosa faço marejar os olhos de uma jovem.
E com uma faca posso espetar seu coração.
Sempre desse jeito.
Diferente de outros Pierrôs por aí
que trocam a faca pela rosa.
Buscam o amor através de ameaças,
e ferem por palavras tortas de amor.
Orgulho-me de ser palhaço.
Desses únicos que ninguém vê por aí.
Sempre confundindo quem tenta entender meus truques.
Se me descrever em vermelho -
sou azul.
Se me pintam de amarelo:
dou-lhes o verde.
Se me chamas de camaleão -
eu te mostro uma infinita aquarela.
Então você, preto e branco,
pinte sua boca antes de falar de mim.
Palhaço comum todo mundo pode ser,
seguindo um roteiro qualquer:
a platéia só irá rir ou sentir pena.
Já eu faço diferente.
Pois sou o único palhaço que atua hoje
para no futuro eu dar risada
do que já fora um dia o meu próprio espetáculo de cores.
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