sexta-feira, 8 de junho de 2012

Palhaço



Eu sou Arlequim.
Eu amo por sorrisos – e não precisa de muitos.
Aliás, de muitos já me bastam os corações de todas as minhas Columbinas.
Faço questão de tê-los 
por não possuir um próprio.
Cada Columbina com sua cor.

Descrevem-me como palhaço, bobo – o lado bom da palavra.
Se bem que às vezes ajo como tal.
É aí que está a graça:
eu posso ser o que eu quiser.

Sou pintado de capacidades -
vou do lorde inglês ao pobre lacaio.
O sapo que vira príncipe.

Carrego numa mão uma rosa e noutra uma faca.
Com a rosa faço marejar os olhos de uma jovem.
E com uma faca posso espetar seu coração.
Sempre desse jeito.
Diferente de outros Pierrôs por aí
que trocam a faca pela rosa.
Buscam o amor através de ameaças,
e ferem por palavras tortas de amor.

Orgulho-me de ser palhaço.
Desses únicos que ninguém vê por aí.
Sempre confundindo quem tenta entender meus truques.
Se me descrever em vermelho -
sou azul.
Se me pintam de amarelo:
dou-lhes o verde.
Se me chamas de camaleão -
eu te mostro uma infinita aquarela.

Então você, preto e branco,
pinte sua boca antes de falar de mim.
Palhaço comum todo mundo pode ser,
seguindo um roteiro qualquer: 
a platéia só irá rir ou sentir pena.

Já eu faço diferente.
Pois sou o único palhaço que atua hoje 
para no futuro eu dar risada
do que já fora um dia o meu próprio espetáculo de cores.





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