Eu queria falar de dança -
a arte que através do movimento se faz falar.
Nesse contexto sou tão gago,
mas admiro quem consegue dialogar.
É algo que requer sincronismo,
assim como rima precisa de beleza.
As vezes é tão par como se olhar no espelho -
é ver dois virar um com certeza.
O casal quando junta numa dança
exibe um momento mágico à mim.
Não é na empolgação dos primeiros passos
e sim no momento em que a trilha chega ao fim.
Durante o baile da vida
tive uma longa música para dançar contigo.
Eu era bem desajeitado
e seu pé sempre corria perigo.
Se a música repetisse eu treinaria
me aprimorando para não errar.
Porém a vida é um baile sem treino.
E eu pequei por ter medo de girar.
Agora que a música termina
vejo que com ela se vai a esperança.
É quando o corpo pára e descola,
as mãos ainda juntas exibem o fim da dança.
Pois num canto hoje eu admiro:
você se mover - linda - a sentir.
Mas agora é com outro par,
e de fora só me resta aplaudir.
Eu não me vejo mais a dançar
no momento eu sou mudo.
Se falar é a dança numa música -
escrever é como dançando com você eu me iludo.
Imagino a dança e escrevo seus passos.
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