domingo, 11 de março de 2012

Chuva


Um dia desses me perguntei –
por que eu gosto tanto de chuva?
Não sei se é o barulho ou o clima.
Talvez a capacidade de fazer crescer uma muda.

Num dia de pingos
tendemos sempre a nos recolher.
E é assim que cresce o afeto
da pele fria que se faz aquecer.

Quando a chuva passa
só resta a saudade.
A falta do carinho e do repouso
uma espécie de prova da felicidade.

A chuva é a saudade em forma d’água
onde mar em nuvem se transforma.
Para mim em litros se é medida,
e se posto num copo, transborda.

Pois certo que a chuva sempre se vai,
eu queria ter ficado mais juntinho.
Mas a chuva anda junto do vento,
forte como o que derruba um ninho.

Sabe o que mais gosto da chuva?
É que eu não mais a espero chegar.
Eu vou atrás dela onde estiver
Ou peço ao índio que me ensine a dançar.

A cada pingo que tocar ao solo
eu, em você, sempre pensarei.
Pois que venham todos os pingos do mundo!
Mesmo que da natureza eu mude a lei.

Mas agora me sinto tão bem
mesmo eles me chamando de abestalhado:
se pros outros eu deveria usar um guarda-chuva,
prefiro estar assim – de você, bem ensopado.

Me deixa resfriado, gripado. Me deixa do teu lado.

2 comentários:

  1. Que lindo, paulinho! A sua capacidade de expressar sentimentos e sensações através de palavras é emocionante. Toca o coração de quem ler. ;)

    Quem não tem tanto jeito com as palavras fica até constrangido em escrever alguma coisa.

    ;***88

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  2. Qualquer coisa que tu escrevas toca meu coração.

    :******8888

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